sábado, 16 de abril de 2016
Mães, mulheres, o ódio e o risco oferecido pelos cromossomos XX
No meio do abominável processo de golpe/impeachment, algo não me sai da cabeça: o medo que se tem das mulheres. O culto ao ódio contra as mulheres, ainda que velado. A demonização da mulher.
E no meio da conversa sobre Bolsonaros, Cunhas e o medo de uma política ainda mais cruel conosco, um amigo me saca a seguinte questão: "Não tem mães esses caras? Esquecem que suas mães também são mulheres?"
A resposta é: sim. A mãe e a mulher estão propositalmente desvencilhadas no ideário ainda nos dias de hoje. Quando uma mulher se torna mãe, deixa de ser mulher.
A mulher que incita o pecado, a personificação da maldita lenda de Eva - a maior justificativa histórica para as barbáries contra nós.
Por esse motivo ainda existe a mulher, a da rua, a do lazer e a mãe dos filhos. Sim, isso ainda existe.
E a Eva histórica em cada uma de nós é a justificativa bárbara para nos transformar em algozes até mesmo quando somos vítimas.
Afinal, um estupro só acontece porque uma garota incita o pobre homem a atacá-la.
A mãe tem seu filho abandonado pelo pai porque "engravidou na hora errada". "Ele ainda não estava pronto". O mesmo acontece com demissões arbitrárias quando uma mulher se torna mãe e, é claro, não pode mais ser profissional, afinal, ela é uma mãe!
Uma mulher é largada ou traída porque 'não conseguiu segurá-lo', quanta incompetência!!!
E, se apanha, é porque gosta. Quem não sonha com uma costela quebrada como prova de amor?
Vivemos um momento político esquizofrênico, com uma presidente prestes a ser deposta e cujo maior demérito, segundo seus críticos, é ser vaca, puta, sapata.
Diante desse cenário, me pergunto, independentemente de partidos, será que Dilma pareceria menos ameaçadora se fosse macho?
Talvez o processo se desse da mesma forma, mas o tratamento certamente seria outro, porque quando a grande acusação feita a uma presidente da República é chamá-la de PUTA, bem, parece que falta repertório para seus críticos.
Postado por Paula Furlan
Marcadores: comportamento, Dilma, feminismo, igualdade de gêneros, impeachment, mulheres
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