A mão que aperta as bochechas
Acho que vocês já perceberam que eu tenho uma certa crise quanto à idade. Essa coisa de envelhecer não me soa muito bem.
Não tenho medo das rugas, nem da pele flácida. Esta maluquice é só uma síndrome quase patológica de Peter Pan que me acompanha desde a infância - eu nunca quis crescer, apesar de sempre apresentar um comportamento assustadoramente adulto desde a mais tenra idade (adoro este termo, tenra idade, me sinto uma vitelinha pronta pro abate! Sempre quis escrever isso!!!).
Mas, voltando a divagar sobre o tempo e os dias que se abreviam mais e mais, Eu já falei aqui de algumas características que denunciam a idade que chegamos àquele ponto em que não somos mais os "nossa, como cresceu!", ou, ainda, os "eu te peguei no colo!". Somos, sim, aqueles que dizem essas coisas e ainda complementam com a célebre frase que pega qualquer velho no pulo: "parece que foi ontem!". Mas, continuando com aquelas coisas que marcar o fim da linha entre ser o bebezinho da titia e ser a titia dos bebezinhos, talvez a mais tenebrosa e marcante seja a consciência.
Crianças e adolescentes são naturalmente destemidos e ousados porque o cérebro não está completamente formado e, por isso, também não está a noção de perigo e de certo e errado.
Quando crescemos, bem, às vezes o cérebro se forma completamente e quando isso acontece, junto com toda essa perfeição anatômica de lobos temporais completos e cerebelo tinindo, vem também o peso de todas as merdas que insistimos em fazer. E com isso chega um medo irredutível.
Eu tenho a idade dos profissionais na flor da carreira. Eu posso casar. Eu poderia ser uma mãe e isso não seria estranho (ao menos para a sociedade). Eu tenho idade para ser uma mãe. Eu sou uma mãe em potencial. Eu sou um exemplo de conduta para quaisquer pirralhos que achem legais as minhas piadas oportunas e meu cabelo vermelho. E a consciência de não estar no mundo a passeio pode ser enlouquecedora.
Eu deveria neste parágrafo enumerar as qualidades da vida adulta, como contrapeso para todo o resto do texto. Sabe, para dar uma certa emoção à coisa. Mas a coerência da minha consciência de pessoa adulta, cuja síndrome de Peter Pan não é mais apenas um medo remoto, mas uma realidade cruel que se manifesta a cada decisão tomada que pode mudar a sua vida e a de muitos, não me torna capaz de - pelo bem da boa redação - fazer o contraponto amigo.
Eu queria terminar com uma frase otimista como: "mas no fundo todo o sofrimento compensa", mas a verdade é que ser aquele que aperta as bochechas pode doer muito mais.
segunda-feira, 23 de março de 2009
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terça-feira, 10 de março de 2009
Sobre vidros e antas
O universo diz "desista" de várias formas pouco sutis e, por vezes, dolorosas e constrangedoras.
Mas como deixar de lado uma saga de quase 24 anos de desastres involuntários, micos impagáveis (apenas pagos por mim), situações que deixariam um palhaço de circo tímido.
O pior cego é aquele que não quer enxergar. E quando o pior cego (que não quer enxergar) tem problemas de visão, mensagem berrando no celular e ainda quer olha o preço das calcinhas (porque as calcinhas da cegueta em 'questã' já não suportam suas nádegas), só pode dar numa coisa - testa no vidro.
Aliás, eu tenho problemas sérios com dois dos elementos do incidente (eufemisminho barato pra trouxice que eu realixei): vidros e xópins. Alguns posts abaixo, os senhores podem observar que eu caí no meio do xópim lotado, na época do Natal, quando havia poucos espectadores pro meu showzinho particular de falta de coordenação motora.
Agora os vidros, ah, os vidros, estes me condenam à eterna idiotice. Não posso dizer que nunca me vi nesta situação, porque já bati a cara em outros vidros pelo mundo (maldita conspiração dos grãozinhos de areia!). Mas os vidros me são ingratos em épocas muito peculiares. Certo ano novo, por exemplo, eu terminei minha 'noite' da virada me embebedando em mercuro cromo, merthiolate, água oxigenada e gaze, tudo porque decidi abdicar das minhas desconfortáveis sandálias e correr livre pelo mundo. Me fudi, pisei num vidro esmigalhado e ainda saí gritando: "socorro, um escorpião picou meu pé!!!". Demais até para mim, né?
E os copos de vidro, então. Estes me detestam, provavelmente eu fui um rabino realizador de casamentos e quebrador de copos na outra encarnação. Eles estouravam na minha mão - e não só porque eu tenho a força necessária à fêmea do Conan, mas porque eles simplesmente me boicotavam se autodestruindo.
Mas a grande verdade destes relatos é que eu não tenho porra nenhuma para falar. Apesar disso, eu sempre tenho muita coisa a dizer. Então aproveito meu tempo livre e minha vontade de digitar, para presentear o mundo com minha verborragia.
Enfim, para concluir a história, nunca mais andei descalça na rua, comprei copos de plástico para minha casa, mas as portas de vidro, ah, estas ainda me vencem no quesito astúcia-estarnolugarcertonahoracerta-mefuder.
Portanto, caros senhores, não se assustem com a minha postura. Não me culpem por minhas palavras insanas e meu texto anti-têxtico. Se não fossem as portas de vidro e os centros de compra, tudo poderia ser diferente.
Mas que se dane o mundo e seus recados ameaçadores, porque eu voltarei...HAHAHAHAHAHAHA!!!!!!!! (risada ultra-maligna!)
Enquanto isso, vou tomar um chocolate gelado! =)
Ovino...:Nawal El Zoghbi - Rohi ya rohi
Postado por Paula Furlan 2 comentários