Saiam as saias!!!
O verniz feminista definitivamente expõe as entranhas da cultura machista
Todos os dias recebo centenas (quando não milhares) de e-mails, muitos deles relacionados ao tema empreendedorismo, frequentemente abordando o papel das mulheres no ambiente corporativo.
Nada demais, não fosse pela mentalidade que ainda é propagada pela grande mídia brasileira: “empreendedorismo de salto alto”, “batom nas grandes empresas”, “por que contratar uma mulher para um cargo de gestão?”.
Inofensivo? Nem tanto. Até quando seremos limitadas a batom, salto alto, saia e maquiagem? Por que tomar como excepcional algo que deveria ser natural em pleno século XXI? Pior do que isso, por que abordar isso sempre como um favor, “a cota das mulheres”.
Acredito sim que, como todas as minorias, precisamos de políticas específicas, como a delegacia da mulher, mas tirar disso uma ideia de incapacidade diante do mercado é arcaico demais.
Por mais bem intencionada que seja essa discussão sobre o “empreendedorismo de salto alto”, esses estereótipos burros e equivocados expõem aquilo que tentamos negar com veemência: uma cultura essencialmente machista a partir de todos os gêneros.
E enquanto as mulheres aceitarem seu papel de “general de saias” será muito difícil acabar com séculos de mazelas.
Ganhamos menos, ainda somos consideradas inferiores e/ou mercadorias por criaturas que sequer deveriam fazer parte da família dos hominídeos, fomos coisificadas pela mentalidade de que não temos alma e até hoje alguns nichos sociais não conseguem nos atribuir a alma que lhes falta.
Na era das Femen, em que o feminismo é uma causa com espaço, mas só se for o feminismo de loiras tetudas com cara de Barbie pornô (quem não for assim, não tem o direito de protestar), vemos nossos poucos passos de dignidade social reduzidos a discursos vazios como o das Femen ou como aquele release lá de cima que fala sobre como o mundo precisa fazer o favor de nos dar aquilo que podemos conquistar - apesar de nossos úteros! (sacaram a origem da palavra histeria? Histerectomia = retirada de útero, histeria = doença nervosa que teria sua origem no útero).
Mais do que tudo, temos uma sociedade “avançada” que ainda nos queima como bruxas, mas sempre para nos defender de nós mesmas.