Abissal
Profundidade é tão legal, né?
Todo mundo quer ser profundo, mas ninguém lembra que na superfície é que se sobrevive.
Profundidade é bom e traz nobreza – se você for uma prostituta. Essas sim precisam de profundidade.
Todo mundo quer rimar flor com amor e dor. Mas só quem sentiu a dor de ter uma parte virando flor para dar uma prova de amor é que rima com propriedade.
Superficialidade não é futilidade. É sobrevivência.
Conhecimento, discussão, argumentos, isso tudo é saudável, amplia nossos horizontes. Mas e a ignorância que traz o bálsamo paliativo pra tudo o que fica exposto com a percepção da realidade?
Ser profundo é indispensável o tempo todo, mas só pros peixes das regiões abissais, que por causa de tanta profundidade são deformados, marcados, esquisitos, solitários.
Na superfície há segurança, normalidade, formas harmoniosas, que não agridem nossos olhos e nem a verdade que não existe, mas na qual queremos crer.
O milagre do bandido - Paulo Miklos
sábado, 29 de janeiro de 2011
Postado por Paula Furlan 0 comentários
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