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    quinta-feira, 8 de abril de 2010

    Matriz

    Nós, mulheres, somos, sim, o sexo frágil.
    Não adianta negar, tudo em nós é mais frágil, mas, não, necessariamente, mais fraco.
    Somos o sexo corporal, cujo tesão vai dos ouvidos ao útero.
    Somos o gênio delicado, que nos impele a vinganças mais crueis e atitudes exageradas.
    Preferimos a violência física ao desprezo fleumático.
    Não somos passivas, agimos em busca da reação.
    Dizem que mulher gosta de flor, de bombom. Mas o que a gente quer não é só um cara que abra a porta com gentileza, queremos alguém que abra nossas pernas com paixão!
    Não queremos declarações de amor, queremos atitudes apaixonadas.
    Queremos ser a mãe dos filhos e a puta da cama. Não queremos fazer amor, queremos ser comidas com amor.
    Somos, sim, o sexo frágil. O sexo maternal, o sexo que muitas vezes sente prazer e dor ao mesmo tempo, aquelas que, por deterem o poder da vida, muitas vezes desejam a morte. Somos a matriz!
    Choramos por nossos pais, por nossos homens e por nossos filhos para poupar-lhes as lágrimas.
    Gritamos de felicidade, de ódio, de amor.
    Perdemos o controle com maior facilidade. Isso é ser frágil. Mas fazemos isso ao mesmo tempo em que nos maquiamos e amamentamos nossos filhos. Isso é força.
    Antes de nos julgarem inferiores, tentem manter a sanidade em cima de nossos corpos. Mantenham a linha sobre nossas curvas sinuosas. Ignorem nosso insistente hábito de nos desnudarmos na sua presença.
    Somos o sexo frágil. Somos o gozo silencioso, somos a boca que beija, que chupa e que cala.

    Speak when spoken to - Freak Kitchen

    segunda-feira, 5 de abril de 2010

    Comer, comer é o melhor para poder crescer.

    Hoje estou perdendo a minha virgindade com a panela de pressão.
    Nada de pica! Panela de pressão!!!
    Sim, eu que já dei de tudo nessa vida, estou hoje fazendo um feijão pela primeira vez.
    Já vi nave espacial, já fui assaltada, quase estuprada, amei, odiei, dei, dei e dei!!!, tenho velhos gêmeos na família, já pensei que seria mãe, já quis muitos pais pros meus filhos, já fui psicóloga de tarado, professora de criancinhas, mãe da minha mãe, filha do meu namorado, já comi maravilha de frango, quebrei ovo chocado, ajudei a matar frango, pintei o cabelo de roxo, viajei 70 km para passar uma horinha com o cara que eu adorava, que já escrevi um livro! Enfim, eu que já não sou mais pura nem de caráter, nunca ouvi um tchtchtch de panela de pressão causado por mim.
    Um dia plantei uma árvore. Encharquei a coitadinha de água, porque para mim isso faria com que a minha árvore crescesse mais rápido. Ela nunca cresceu. E eu, da ralé dos meus quase 25 anos, faço hoje, pela primeira vez, um pouco de feijão.
    E é do alto da minha impureza sexual e alimentícia que digo que comer é o melhor para poder crescer!

    Eric Clapton - Key to the highway

     

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